GRUPO OUTROLHAR
CONSTRUINDO UMA REFLEXÃO SOBRE CLÍNICA
Para ampliar nossas conversas sobre clínica, sugiro a leitura de artigos, textos, capítulos de livros, etc., que possam levantar questões acerca da relação que se estabelece com o paciente. A intenção reside na busca por um sujeito lá onde a segregação, a dificuldade de colocar em palavras verbais, a falação (o desabafo) e o silêncio (como forma de dizer) anunciam a possibilidade de eclosão de uma pessoa que busca o rumo de seus processos de sofrimento e “cura”.
Quer dizer, entre o tempo de observar (a cena, a manifestação do paciente, a encenação do contexto, suas histórias de vida) e momento de concluir (o quê?), requer um tempo importante e essencial de compreender. Alunos e professores precisamos lidar com o silêncio entre uma pergunta e uma resposta (que pode ser um silêncio verbal), quer seja na relação entre alunos, entre professores e alunos, bem como entre pacientes e alunos, etc.
O fazer CLÍNCA mostra-se imperativo nesse atravessamento que nossas discussões no GRUPO tem nos feito chegar bem perto. Não poderia ser inoportuno a temática da Saúde Mental neste contexto como norteamento dessa discussão, não excluindo outros campos do conhecimento, mas fazendo jus à existência de nosso GRUPO que por hora se inaugura. A questão é o diálogo dos saberes: os investidos (a experiência), os constituídos (protocolares, científicos, etc.), além da troca entre os mesmos para o advento de novas perspectivas clínicas no campo da medicina.
Assim, sugiro que façamos uma leitura de alguns, são eles em ordem de complexidade/importância:
- CAMPOS, R. T. O & CAMPOS, G. W. S. Co-construção de Autonomia: o sujeito em questão. In: Tratado de Saúde Coletiva. CAMPOS, G. (org et al.). Editora: Hucitec, Fiocruz, São Paulo-Rio de Janeiro, 2009, p. 669-688.
- MERHY, E. E. Um ensaio sobre o médico e suas valises tecnológicas: fazendo um exercício sobre a reestruturação produtiva na produção do cuidado. In: Saúde: a cartografia do trabalho vivo. Editora: Hucitec, 2005, p. 93-112.
3. BARROS, V. A & SILVA, L.R. A Pesquisa em História de Vida. In: GOULART, I. B. Psicologia Organizacional e do Trabalho; teoria, pesquisa e temas correlatos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002, p. 133-146.
- CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense. 4 ed, 1995, cap IV – Doença, Cura e Saúde, p. 144-163.
- BASAGLIA, F. O. Saúde/doença. In: AMARANTE, P. & CRUZ, L.B. Saúde Mental, Formação e Crítica. Rio de Janeiro: LAPS, 2008, p. 17-36.
6. METIPOLÁ. A Clínica e seus impasses. Oficinas: Expressões. O cotidiano e suas bordas. Revista do CERSAM Leste: Centro de Referência em Saúde Mental da Regional Leste de Belo Horizonte, 1997, p. 4-26.
7. LOBOSQUE, A. M. Princípios para uma clínica antimanicomial e outros escritos. São Paulo: Hucitec, 1997. 96p.
8. LÉVY, A. Ciências Clínicas e Organizações Sociais: sentido e crise do sentido. Belo Horizonte: Autêntica, p. 19-30.
9. VIGANÓ, C. A construção do caso clínico. In: Psicanálise e Saúde Mental. Curinga/Escola Brasileira de Psicanálise – Minas Gerais, 1999, p. 50-59.
10. BORGES. M. E. S. Trabalho e uso de si – para além dos “recursos humanos”. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2004, vol 7, PP. 41-49.
Agora, para estabelecermos uma conversa/parceria com a equipe do PAI-PJ e do LABTRAB da UFMG, sugiro a leitura obrigatória dos seguintes artigos:
- BARROS, Fernanda. Otoni. A SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO AO LOUCO INFRATOR. Acrise: desafio estratégico da Reforma. Editora: Hucitec. Saúdeloucura, nº 9, 2009, p. 125-136.
- LIMA, M. E. A. Esboço de uma crítica à especulação no campo da saúde mental e trabalho. In: SAÚDE MENTAL & TRABALHO: Leituras. Petrópolis: Editora Vozes, 2003, p. 50-81.
Acho que os referidos artigos se bem lidos e analisados, trarão um ponto vista muito interessante sobre CLÍNICA – não somente a clínica no campo da Saúde Mental...
Abraços,
Enio Rodrigues,
18/10/2010