"Há na loucura um prazer que só os loucos conhecem." (John Dryden)

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Reunião

Dia: 22/08/2013
Hora: 17:00h
Sala: 7 CEASC (Unifenas)
Tema: Reflexão sobre Cap. 6 Linha Guia de Saúde Mental.

domingo, 24 de março de 2013

 

Judith Miller: "Cada um de nós tem seu grão de loucura." (Via Samir Taufick)


http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/06/04/judith-miller-cada-um-de-nos-tem-seu-grao-de-loucura-384367.asp
"SAÚDE MENTAL" por RUBEM ALVES. (Via Albert Nilo)

"Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei.

Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia.Eu me explico.Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que..., do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se.Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakoviski suicidou-se.

Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou.

Pensar é uma coisa muito perigosa... Não, saúde mental elas não tinham... Eram lúcidas demais para isso.Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata.Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental.Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvir falar de político que tivesse depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.

Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra denomina-se software, "equipamento macio". Hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes. Nós também temos um hardware e um software.

O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software.Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam.

Não se conserta um programa com chave de fenda.Porque o software é feito de símbolos e, somente símbolos, podem entrar dentro dele.Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção!

Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio:
A música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou... Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, "saúde mental" até o fim dos seus dias.

Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes.
A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música... Brahms, Mahler, Wagner, Bach são especialmente contra-indicados. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Tranquilize-se há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago?

Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato.
Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal.
Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram."

sexta-feira, 22 de março de 2013

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Convite: PSICOFARMACOLOGIA E USO DA MEDICAÇÃO

Caros colegas do GRUPO OUTROLHAR,

Nessa quarta feira, dia 24/10/2012 teremos uma aula sobre PSICOFARMACOLOGIA E USO DA MEDICAÇÃO EM SAÚDE MENTAL, com  a médica   Maria Elvira . Ela  é residente de psiquiatria em Betim e tem uma versão muito interessante de sua formação em psiquiatria e do uso da medicação.

DATA:        Quarta feira
HORÁRIO:  16:00h
LOCAL:      Sala 16 CEASC (4º Andar)

* Aguardamos todos cientes da importância do tema para  a formação do médico generalista.

sábado, 1 de setembro de 2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


Depressão: uma praga evitável?
Segundo a OMS, até 2020 a depressão será a segunda principal causa de
incapacidade no mundo. Uma recente publicação do JAMA define como prevenir esta maldição mundial em ascensão.

A depressão afeta 121 milhões de pessoas em todo o mundo e é responsável por cerca de 850 mil mortes a cada ano, principalmente suicídios, segundo a conclusão do relatório global sobre a depressão da OMS publicado em 2011. Este estudo, que analisou a incidência da doença em 18 países (pessoas de renda alta, média e baixa), constatou que 15% da população dos países mais ricos sofrem de um tipo de depressão em algum momento de suas vidas. Surpreendentemente, nos países de médio e baixo rendimento, a incidência foi inferior: 11%. Outras conclusões é que em 2010, 28% da população de países de alta renda sofreu ao menos um episódio depressivo grave (EDS), comparado com 20% da população países de renda média e baixa. Porém, o resultado que pode surpreender mais é sobre as mulheres. Elas tem o dobro de risco de sofrer um EDS comparado aos homens. Mulheres viúvas, separadas ou divorciadas tem taxas significativamente mais altas de depressão do que as casadas.

Atualmente a depressão a terceira causa mundial de morbidade e ocupará o primeiro lugar nos países de alta renda em 2030, segundo "Preventing Depression: a Global Priority", uma investigação publicada semana passada na revista JAMA (The Journal of the American Medical Association). Além disso, segundo este estudo, disponível em Core Journals de RIMA, mais da metade das pessoas com depressão desenvolvem um transtorno recorrente ou crônico depois de um episódio depressivo e é provável que passem mais de 20% de sua vida em uma condição deprimida.

No entanto, para os pesquisadores do Instituto de Psiquiatria e Clínica de UPMC (Centro Médico da Universidade de Pittsburgh), responsaveis por esta pesquisa, a prevenção pode oferecer novas possibilidades para reduzir a carga de morbidez dos transtornos depressivos. Mais de 30 estudos randomizados demonstraram que as intervenções preventivas reduzem a incidência de novos episódios de transtornos depressivos em 25%, e aproximadamente 50% quando estas intervenções são oferecidas em um modelo escalonado de cuidados.
 
"Preventing Depression: a Global Priority" também afirma que os métodos comprovados para combater a depressão incluem a educação, a psicoterapia, mudanças no estilo de vida, nutrição adequada e terapia medicamentosa.

Acesse agora "Preventing Depression: a Global Priority" para conhecer as nove medidas estratégicas propostas por este estudo para evitar a depressão.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A RELAÇÃO PACIENTE DIFÍCIL-PROFISSIONAL DE SAÚDE COM PROBLEMAS

Caros colegas,
o GRUPO OUTROLHAR está voltando suas atividades com palestras SEMPRE NO INÍCIO DOS BLOCOS para não coincidir com provas.
Essa semana, nosso convidado é o DR. MARCOS QUINTÃO que irá falar sobre o manejo do paciente difícil (rotulado de poliqueixoso) na estratégia "PROGRAMA SAÚDE DA FAMILIA (PSF)".

DATA:        Quarta feira
HORÁRIO:  17:30h
LOCAL:       Auditório do CEASC (térreo)

* Aguardamos todos cientes da importância do tema para  a formação do médico generalista.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

A VULNERABILIDADE PSICOSSOCIAL: DESAFIO PARA A FORMAÇÃO INTERDISCIPLINAR

O Grupo Outrolhar tem a honra de convidá-los para o evento: "A Vulnerabilidade psicossocial: Desafio para a formação interdisciplinar". O evento, em forma de roda de conversa, irá ocorrer no dia 11/04/2012 às 18h30min no Campus Boaventura sala 200 com duração aproximada de 2 horas. Com a participação de Joelle Bordet, uma psicossocióloga francesa especialista nas questões relacionadas a vulnerabilidade social e marginalização além da presença do Professor Fuad Haddad e Professora Sybele Márcia.

Contamos com a participação de todos!!!

HAVERÁ CERTIFICADO EMITIDO PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA UNIFENAS!


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A Diretoria do Grupo Outrolhar

sexta-feira, 23 de março de 2012

TEXTO SOBRE CLINÍCA

GRUPO OUTROLHAR

CONSTRUINDO UMA REFLEXÃO SOBRE CLÍNICA

            Para ampliar nossas conversas sobre clínica, sugiro a leitura de artigos, textos, capítulos de livros, etc., que possam levantar questões acerca da relação que se estabelece com o paciente. A intenção reside na busca por um sujeito lá onde a segregação, a dificuldade de colocar em palavras verbais, a falação (o desabafo) e o silêncio (como forma de dizer) anunciam a possibilidade de eclosão de uma pessoa que busca o rumo de seus processos de sofrimento e “cura”.
            Quer dizer, entre o tempo de observar (a cena, a manifestação do paciente, a encenação do contexto, suas histórias de vida) e momento de concluir (o quê?), requer um tempo importante e essencial de compreender. Alunos e professores precisamos lidar com o silêncio entre uma pergunta e uma resposta (que pode ser um silêncio verbal), quer seja na relação entre alunos, entre professores e alunos, bem como entre pacientes e alunos, etc.
            O fazer CLÍNCA mostra-se imperativo nesse atravessamento que nossas discussões no GRUPO tem nos feito chegar bem perto. Não poderia ser inoportuno a temática da Saúde Mental neste contexto como norteamento dessa discussão, não excluindo outros campos do conhecimento, mas fazendo jus à existência de nosso GRUPO que por hora se inaugura. A questão é o diálogo dos saberes: os investidos (a experiência), os constituídos (protocolares, científicos, etc.), além da troca entre os mesmos para o advento de novas perspectivas clínicas no campo da medicina.
            Assim, sugiro que façamos uma leitura de alguns, são eles em ordem de complexidade/importância:


  1. CAMPOS, R. T. O & CAMPOS, G. W. S. Co-construção de Autonomia: o sujeito em questão. In: Tratado de Saúde Coletiva. CAMPOS, G. (org et al.). Editora: Hucitec, Fiocruz, São Paulo-Rio de Janeiro, 2009, p. 669-688.

  1. MERHY, E. E. Um ensaio sobre o médico e suas valises tecnológicas: fazendo um exercício sobre a reestruturação produtiva na produção do cuidado. In: Saúde: a cartografia do trabalho vivo. Editora: Hucitec, 2005, p. 93-112.

3.      BARROS, V. A & SILVA, L.R. A Pesquisa em História de Vida. In: GOULART, I. B. Psicologia Organizacional e do Trabalho; teoria, pesquisa e temas correlatos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002, p. 133-146.

  1. CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense. 4 ed, 1995, cap IV – Doença, Cura e Saúde, p. 144-163.

  1. BASAGLIA, F. O. Saúde/doença. In: AMARANTE, P. & CRUZ, L.B. Saúde Mental, Formação e Crítica. Rio de Janeiro: LAPS, 2008, p. 17-36.

6.      METIPOLÁ.  A Clínica e seus impasses. Oficinas: Expressões. O cotidiano e suas bordas. Revista do CERSAM Leste: Centro de Referência em Saúde Mental da Regional Leste de Belo Horizonte, 1997, p. 4-26.

7.      LOBOSQUE, A. M. Princípios para uma clínica antimanicomial e outros escritos. São Paulo: Hucitec, 1997. 96p.

8.      LÉVY, A. Ciências Clínicas e Organizações Sociais: sentido e crise do sentido. Belo Horizonte: Autêntica, p. 19-30.

9.      VIGANÓ, C. A construção do caso clínico. In: Psicanálise e Saúde Mental. Curinga/Escola Brasileira de Psicanálise – Minas Gerais, 1999, p. 50-59.

10.  BORGES. M. E. S. Trabalho e uso de si – para além dos “recursos humanos”. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2004, vol 7, PP. 41-49.

Agora, para estabelecermos uma conversa/parceria com a equipe do PAI-PJ e do LABTRAB da UFMG, sugiro a leitura obrigatória dos seguintes artigos:

  1. BARROS, Fernanda. Otoni. A SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO AO LOUCO INFRATOR. Acrise: desafio estratégico da Reforma. Editora: Hucitec. Saúdeloucura, nº 9, 2009, p. 125-136.
  2. LIMA, M. E. A. Esboço de uma crítica à especulação no campo da saúde mental e trabalho. In: SAÚDE MENTAL & TRABALHO: Leituras. Petrópolis: Editora Vozes, 2003, p. 50-81.


Acho que os referidos artigos se bem lidos e analisados, trarão um ponto vista muito interessante sobre CLÍNICA – não somente a clínica no campo da Saúde Mental...

Abraços,

Enio Rodrigues,